Falso Dilema

Na arquitetura do processo de valorização capitalista, o encurtamento das cadeias de negócios por meio do enxugamento, do número de agentes que nela atuam, é estratégia bastante usual. Fusões e aquisições compõem esse direcionamento, com empreendimentos sendo adquiridos para permitir maior controle da cadeia de suprimentos. Dentro dos ramos que constituem o agronegócio brasileiro, tal fenômeno é plenamente observável nas cadeias do suco cítrico, papel e celulose e cana de açúcar.
Foto ilustrativa: Lucas Albin/agencia ophelia/ Café Editora
Para aqueles mercados em que tal estratégia não se mostra tão eficaz, particularmente nos que o atributo de qualidade é imperativo maior (café), o estabelecimento de vínculos com os ofertantes é decisivo, sobretudo quando a maior parte das companhias, possui linhas de produtos segmentados que demandam produtos com atributos de notória especialização. Companhias de diferentes portes (de microtorrefadoras a transnacionais) atuam junto aos reconhecidos cinturões de suprimento, visando estabelecer maior governança sobre seu negócio em que qualidade é determinante. Tal fenômeno não se traduz em partição do mercado (bolsa e spot), tratando-se antes de anseio dos agentes econômicos com intuito de melhorar a competitividade individual e sistêmica. Assim, produtores de café de qualidade, empenhados em agregar valor ao produto, objetivando obter maiores receitas, devem mesmo se associar a empresas interessadas nesse produto, pois esse é o caminho mais curto para a concretização de suas metas. Em pesquisa sobre a produção e comercialização do cereja descascado, constatei que houve grande alteração no poder de barganha do cafeicultor que passou de comprado (quando produzia commodity) para leiloeiro de seu produto, tamanho o leque de interessados nessa bebida. Premiações pecuniárias por excelência; participação em clubes exclusivos; converter-se em fornecedor exclusivo; receber ágio por adotar boas práticas agrícolas; estampar sua produção com rótulo ou marca que o dife