Café à beira de ser um bem escasso, diz Andrea Illy

O consumo mundial de café está aumentando, especialmente nos mercados emergentes, o que significa que a produção global tem de aumentar entre 40 a 50 milhões de sacas na próxima década. Só para termos uma ideia, isso é mais do que toda a produção do Brasil.
A advertência é de Andrea Illy, CEO da IllyCafe – uma empresa italiana de torrefacção de café sediada na cidade italiana de Trieste, que é também onde se encontra o segundo maior porto europeu do café. E a variedade arábica é a mais ameaçada, devido à subida das temperaturas a nível mundial, acrescentou em declarações à Bloomberg.
O café, recorde-se, apresenta-se sob duas grandes variedades - robusta e arábica –, sendo que a primeira é negociada em Londres e a segunda é a referência do mercado nova-iorquino.
O café tipo arábica, com um grão tido como "premium" e que é usado por marcas como a Starbucks, é o que mais tem sido castigado pelo aumento das temperaturas. Já o robusta – que é mais resiliente e robusto, como o nome indica – tem resistido melhor. O Brasil é o maior produtor de arábica e o Vietnã é o maior produtor de robusta.
A conter o necessário aumento de produção desta matéria-prima estão sobretudo dois fatores: a ameaça das alterações climáticas (a subida das temperaturas não ajuda à cultura de café) e os baixos preços a que negoceia atualmente – o que desencoraja os agricultores, a fazer lembrar o que se passa com o petróleo, cujas cotações em queda travam novos investimentos em explorações mais dispendiosas, como é o caso do pré-sal e das areias betuminosas.