2020: Safra histórica para o Brasil
O ano de 2020 certamente entrará para a história da cafeicultura brasileira. Apesar da Pandemia mundial provocada pela Covid-19, o ano pode ser considerado muito bom para o agronegócio café. O Brasil bateu recorde na produção e, segundo o quarto levantamento de safra realizado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), atingiu o volume de 63,08 milhões de sacas, superando a marca de 2018, quando o país colheu 61,7 milhões de sacas.
Os números de exportação e consumo interno ainda não foram “fechados” mas acredita-se em recorde de exportação, na faixa de 43 milhões de sacas exportadas e grande volume de consumo interno, próximo a 25 milhões de sacas. O clima ajudou, principalmente na época da colheita e isso contribuiu para a qualidade da safra, considerada de excelente qualidade. O dólar também ajudou, beneficiando as exportações, já que aumenta o poder de compra dos países importadores. Isso sem falar que gera preços mais remuneradores em reais, ou seja, nos preços pagos aos produtores.
O produtor também fez a sua parte e segue avançado em produtividade, melhoria de qualidade e redução de custos. Mecanização, novos espaçamentos, novas variedades e podas são algumas questões que tem contribuído para a evolução da competitividade do cafeicultor brasileiro.
De acordo com preços médios do café tipo 6, bebida dura, calculados pelo Cepea/Esalq, o ano de 2020 teve um preço médio de R$ 545 por saca. É o maior dos últimos seis anos. Representa um aumento de 28% em relação ao preço médio de 2019, que fechou a R$ 426, ou seja, um incremento médio de R$ 119 reais por saca. De 2015 a 2020, somente nesse ano, o preço médio ficou acima de R$ 500 a saca, mostrando que nominalmente foi um ano de preços bons, para não dizer ótimos, principalmente levando-se em consideração a alta produção do país.
Somente um mês do ano apresentou preços inferiores a R$ 500 reais a saca: fevereiro com preço médio de R$ 498; e sete meses apresentaram preços médios acima dos R$ 550: março (567), abril (598), maio (597), agosto (593), setembro (576), novembro (573) e dezembro (595).
Entretanto, apesar de um 2020 bom, o produtor entra o ano de 2021 com preocupações importantes: as altas temperaturas e a estiagem prolongada ocorridas nos períodos da primeira e segunda floradas devem provocar importante queda na produção do ano de 2021. Isso, juntamente com a questão da bienalidade (produção menor em função da característica da planta do café, que alterna anos de grande produção com anos de produção menor).
Nesse contexto, espera-se para 2021, que os preços permaneçam nos atuais patamares, ou até apresentem alta. Mas também é provável que não compensem a produção menor, provocando uma redução de faturamento para a grande maioria dos produtores.